Lazer para a vida : o cinema como experiência de liberdade.

Lazer para a vida : o cinema como experiência de liberdade. 

Karla Michelle Oliveira


Resumo
Localizar os pontos que se entrelaçam entre lazer e liberdade a partir das vivências do cinema alternativo e guiada pela luz do pensamento foucaultiano foi a meta e inspiração para a escritura deste trabalho, que procura compreender como a vivência do cinema, enquanto prática de lazer, pode contribuir com o surgimento de lutas de resistência ao exacerbamento das relações de poder e possibilitar aos sujeitos a efetivação de práticas de liberdade e a construção de novas formas de subjetividade. Para sanar este objetivo tomou-se como acepção central uma ideia de lazer pautada nos estudos de Marcellino que compreende este fenômeno como um tempo privilegiado para a vivência de valores que podem contribuir com mudanças de ordem moral e cultural sem perder de vista, entretanto, a dimensão recreativa e prazerosa buscada nestas atividades. No outro eixo teórico principal deste estudo estão as acepções de “cuidado de si” e da noção ética de liberdade cunhada pelo pensador francês Michel Foucault, categorias basilares para se pensar a atuação das narrativas cinematográficas sobre as subjetividades dos espectadores e como esses podem atuar reflexivamente sobre essas narrativas com o objetivo de melhor conhecer-se. Para o desenvolvimento dessa pesquisa elegeu-se como lócus de investigação o público participante das sessões Cine Vanguarda e Cine Assembléia exibidas pelo Cineclube Natal no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (TCP) da Fundação José Augusto (FJA) e na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, respectivamente. Essa pesquisa se configura, portanto, um estudo de campo e adotou como metodologia uma análise qualitativa. Durante os procedimentos metodológicos foram utilizadas a observação participante de cada sessão analisada e entrevistas semi-estruturadas com os espectadores após a vivência dos filmes. As entrevistas foram coletadas entre os meses de abril e maio do ano de 2009 e foram utilizadas, no processo de análise deste estudo, as falas de cinco entrevistados que se dispuseram voluntariamente a serem entrevistados. As análises empreendidas caracterizaram o Cineclube Natal como um espaço que possibilita os cuidados de si e, por sua vez, a construção de sujeitos mais críticos e criativos. Desta forma, exemplificou-se que a resistência pode vir, também, sorrateira e silenciosamente através das práticas de lazer cotidianas. Para tanto, as possibilidades de escolhas são imprescindíveis neste processo. Nesse sentido, se extirpadas as possibilidades de eleição dos sujeitos não apenas as práticas de lazer são negadas e perdem seu sentido mais emancipatório, mas tem-se, sobretudo, a destruição da própria liberdade.

Palavras-chave: 
Lazer. Cinema. Poder. Resistência. Liberdade.

Texto completo:
OLIVEIRA, Karla Michelle. Lazer para a vida : o cinema como experiência de liberdade. 

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