Filhós com mel: um doce patrimônio dos Caicoenses.

Filhós com mel: um doce patrimônio dos Caicoenses.

Sarah Ariane da Silva


Resumo
A cultura é objeto de preocupação, investigação e profissionalização para os produtores culturais e demais profissionais da área da cultura. Vários projetos de ação cultural são desenvolvidos por esses profissionais, sendo a maioria deles voltada para as linguagens artísticas e para as chamadas culturas populares. O mesmo ocorre no cenário da pesquisa, havendo escassez, portanto, de estudos, dentro do contexto da produção cultural, voltados para a temática do patrimônio cultural, especialmente o alimentar, sobretudo no Nordeste brasileiro. É pensando as relações entre as temáticas da produção cultural, do patrimônio cultural e da alimentação, e no sentido de fomentar a discussão teórico-empírica acerca do patrimônio cultural e da alimentação dentro do cenário da produção cultural no contexto da região do Seridó no Rio Grande do Norte, que elencamos como objeto de estudo uma análise da representatividade sociocultural atribuída pelos seridoenses ao filhós – um doce frito, feito com farinha de trigo (ou batata doce ou macaxeira ou fécula de milho) e outros ingredientes, e comido com mel de rapadura ou de açúcar, muito apreciado e valorizado no carnaval e em outros momentos festivos – como um patrimônio cultural alimentar para essa população. Com o intuito de resolver nossa problemática, nos amparamos nos dados etnográficos colhidos no segundo semestre de 2011, no município de Caicó, no período da Festa de Sant’Ana e de outros depoimentos orais de caicoenses sobre a feitura e o consumo do doce durante o domingo de entrudo, no carnaval. Nessa localidade, realizamos observação participante, entrevistas semiabertas e registro de imagens com doceiras, comerciantes e comensais sobre o processo de feitura, de comercialização e de comensalidade do filhós. A análise é feita a partir dos conceitos de doçaria seridoense em Dantas (2013), comida em Contreras e Gracia (2005), comensalidade em Fisclher e Masson (2010), identidade em Bauman (2005) e Silva (2009), patrimônio cultural em Silva (2009), produção cultural em Avelar (2008), e festa em Amaral (1998). Ademais, podemos adiantar que o filhós tem grande valor simbólico e social para os caicoenses; por meio dele estes se sentem representados simbolicamente e percebem a necessidade de legá-lo para outras gerações, como vem ocorrendo desde tempos imemoriais.

Palavras-chave: 
Produção cultural. Patrimônio cultural. Alimentação. Filhós.

Texto completo:
SILVA, Sarah Ariane da. Filhós com mel: um doce patrimônio dos Caicoenses.

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